5 mitos sobre favelas são desfeitos

5 mitos sobre favelas são desfeitos

A favela superou o clichê. A proverbial do morro carioca da Previdência (para onde soldados da Guerra de Canudos transpuseram o nome de um morro sertanejo no qual vicejava uma planta chamada favela) é uma exceção até no Rio de Janeiro: 57% dos domicílios "favelados" da cidade ficam no plano. Só 15% estão em encostas íngremes. O "morro" mítico dos sambas foi aterrado há tempos.

 

Tampouco a maioria das pessoas 'prefere' morar em favelas para estar perto do trabalho. Em São Paulo, três de quatro habitantes dos ditos 'aglomerados subnormais' levam mais de uma hora para ir e voltar do emprego - a proporção é 27% maior do que para o resto dos paulistanos. A regra se repete em 76% das cidades: o 'favelado' perde mais tempo no trânsito que os demais.

 

O estudo do IBGE mostra que morar em 'favela' é, acima de tudo, uma adaptação à geografia. É outro mito imaginar que o cenário é sempre o mesmo. Em Natal, 40% das moradias 'subnormais' ocupam dunas ou praias. Na paulista Cubatão, 29% ficam em manguezais. Em Linhares, no Espírito Santo, 38% ocupam irregularmente unidade de conservação ambiental. E em Petrópolis, na serra fluminense, local de repetidos e trágicos deslizamentos, 86% das moradias desse tipo estão em declives acentuados.

 

Favela não é tudo igual nem geográfica, nem urbanisticamente. Em Belford Roxo (RJ), 89% dos domicílios dessas aglomerações têm acesso a arruamento regular. Já em Vitória (ES), 72% das casas faveladas não têm rua por perto porque estão no morro. Risco de outro tipo mas também grave há em 17 cidades onde há casas em lixões, aterros sanitários ou áreas contaminadas.

 

Em quinto, mas não em último lugar, o morador da favela não vive nela porque lhe faltou escola. Em Niterói (RJ), 27% têm diploma de nível superior. E não só lá: são 24% em Florianópolis, 23% em Santos (SP) e 20% em Curitiba e Porto Alegre.