Gordas e bem vestidas

03/06/2013 14:08

Por KEKA DEMÉTRIO

Encontrar roupas que cubram nossos corpos roliços e avantajados sempre foi um suplício, e encontrar roupas com um bom corte, caimento, design interessante e que valorize todas nossas curvas continua uma via sacra, mesmo com o crescimento do mercado de confecções de moda plus size.

O mercado parece que ainda não despertou por completo para a necessidade de suprir essas mulheres de corpos avantajados. Muitas confecções têm apostado no segmento, mas nenhuma conseguiu, ainda, se destacar. Elas se misturam pela falta de genialidade e suas coleções se misturam nas araras.

Algumas lojas de departamentos se aventuram, mas ainda assim suas numerações parecem ter 'vergonha' de vestir realmente um quadril de 140 cm. Querem, mas não querem vestir as mulheres gordas. O preconceito parece fazer parte da linha de produção e está passando da hora disso ser revisto. Quanto às grandes marcas que ditam moda no Brasil, esqueça, elas não fazem o menor esforço em vestir quem tem um quadril com mais de 92 cm.

Vamos ser realistas, ok? Queremos entrar nas lojas convencionais e encontrar roupas que nos sirvam, e acho justo. Porém, não devemos esquecer que não é qualquer modelo que veste uma mulher magra que, remodelada para um número maior, irá vestir bem uma mulher gorda. O que boa parcela da população acima do peso e grifes ainda não entenderam é que estamos criando um novo mercado. As grifes convencionais só irão nos atender se elas decidirem criar uma linha plus size, assim como as lojas de departamento fazem. Hoje somos atendidas por confecções pulverizadas pelo Brasil afora, mas pouquíssimas com conceito diferenciado e nenhuma podemos chamar de grife de ponta.

Além disso, não existe uma padronização de tamanhos. Se em uma marca você usa 48, provavelmente em outra sua numeração será 52. Diante da falta de padronização das medidas utilizadas para a confecção das peças, vale a pena saber que o Senai Cetiqt - Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil, está realizando um inédito estudo antropométrico do corpo brasileiro com 6.800 pessoas. A pesquisa deverá, assim esperamos, auxiliar na construção de uma tabela de medidas confiável para atender as confecções e, principalmente a nós, consumidores finais de pontos de vendas físicos e virtuais.

Estamos numa vertente crescente e buscamos cada vez mais sermos atendidos em nossas necessidades. A vestimenta para o resgate da autoestima é papel de fundamental importância. Estarmos bem vestidas nos torna mais fortes e decididas e nos auxilia a encaramos nossos medos e fantasmas. Um vestido bem cortado nos ajuda a erguer a cabeça e a nos enxergar como a mulher que desejamos ser. Portanto, ao invés de ficarmos lamentando que as grifes convencionais, que sequer se importam com a nossa existência, não fabricam roupas para nós, vamos exigir daquelas que querem nos vestir peças com qualidade e design a nossa altura e peso, literalmente. 

* Keka Demétrio é cristã, mãe, publicitária, professora universitária e escritora. É tida como porta-voz de muitas mulheres do universo Plus Size, compartilhando e aprendendo com elas muitas vivências por meio de colunas na Internet e dos vários eventos em que participa por todo o país. Fanpage: www.facebook.com/KekaDemetrio

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